"...E FORAM FELIZES PARA SEMPRE. A QUÍMICA PERFEITA DAS DUPLAS!"
Autor do Enredo: Heriton Bakury
Comissão de Carnaval: Cleyton Rosa / Heriton Bakury / Júnior Schall / Flávia Moreira e Sonia Maria
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Intérprete: Marquinhos Silva
Minha inspiração
Vem da união que gera vida
Traz meu Arrastão
De volta a luz desta avenida
Noé criou a sua Arca dos amores
No céu brilhou
A luz divina em sete cores
Opostos se atraem em harmonia
O orvalho se completa junto as flores
O sol e a lua, espumas e o mar
Essa alquimia é o que me faz sonhar
Deixa eu provar o teu sabor
Pra misturar a nossa cor
Pela manhã eu venho te saborear
Está na mesa no almoço e no jantar
Nas artes
Grandes parcerias entram em cena
Morena, a amizade leva à criação
De grandes personagens imortais
Cantores e poetas nos encontros musicais
No reino de confete e serpentina
Venha ser a Colombina
Que eu serei seu Pierrô
Na química perfeita sem igual
Felicidade eterna esse amor de Carnaval
O que me fascina
É a volta por cima do meu Arrastão
Vem provar essa mistura
Que vem lá de Cascadura
Pra ganhar seu coração
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I. Alianças entre as espécies: códigos e combinações
A química que ocorre na natureza, constrói belas histórias.
Formas diferentes se encaixam e realizam milagres.
A energia ligada à sigla DNA, está diretamente associada às forças criativa e criadora. É uma energia que se aproxima do divino, equilibrando o físico e o espiritual, na longa fita retorcida e sinuosa, a combinação de códigos diferentes ligando e gerando vidas.
Variabilidade genética, gens opostos que nos unem!
Bases nitrogenadas construindo um único ser: você!
Colorindo olhos, pele, pêlos...
Quatro moléculas surgem aos pares.
No encontro do par Adenina/ Timina, o equilíbrio, a evolução, em direção a um determinado objetivo, a dupla da união intuitiva entre o sagrado e o material.
O par Guanina/ Citosina e sua capacidade de criar, ligando as porções da nobreza masculina e feminina. Um importante papel na criação.
Pelo canal imaginário que só o carnaval constrói, flutua a preservação das espécies. Os meridianos irreais, por onde a imaginação passeia, permitem tais travessias, porque não podemos permanecer vivos sem sonhar.
A embarcação bíblica preservou a humanidade, mantendo sobre a face da Terra animais e insetos selecionados em duplas. Sobre as águas do dilúvio, Noé e sua família recebem as bênçãos das sete cores do arco-íris. Aliança entre o Criador e Criaturas.
Duas forças complementam-se, compõem tudo o que existe, e do equilíbrio dinâmico entre elas surge todo o movimento e mutação. O Yin se veste de Lua. Princípio passivo, feminino, noturno, escuro. Usa seu instinto, protagonizando cenas, elevando marés, protegendo sereias. O dom precioso de ser noite, evoca o sublime.
O Yang representa a luz, o princípio ativo, masculino, quente. Na dança do tempo, o dia não vive sem a noite.
Só a outra metade entende o flerte, prepara a fresta, inventa pontes sobre as torrentes. Ligações inquebráveis sobre as espumas, companheiras do mar.
A visível harmonia é o fruto da atração entre os desiguais.
Nossos personagens só desejam ser felizes para sempre!
A clássica frase, na verdade, não encerra as histórias. Traduz que a felicidade só é possível se o outro existe.
A conquistada alquimia aromática. Cheiro único. Metade que completa.
Promessas entre anéis e planetas. Néctar sugado em cada coreografia no ar.
Jogo de cores e sedução.
Como a concha consegue perdoar o intruso grão de areia,
transformando sua dor em pérola?
II. A união dos sabores
Duas cores diferentes. Cor de pele.
A energia do café e o alimento do leite, nutrindo e aquecendo as manhãs dos que acordam juntos!
Enxergar a harmonia contida na culinária, é temperar de alegria os olhos e o coração!
A química no paladar, na emoção!
Sim, a química em todo lugar, até sobre os fogões!
Os negros, primeiros a consumir o feijão com arroz, não imaginavam que essa combinação seria hoje símbolo de identidade nacional. A dupla mais famosa da nossa culinária!
Identificar nas misturas, a cultura do nosso povo: jabás com jerimuns, queijos e vinhos, casadinhos...Beijos roubados no escuro do cinema, gosto de pipoca com guaraná!
Você é a azeitona que faltava na minha empada!
III. As grandes parcerias da arte
A rica obra dos homens, produziu grandes parcerias. A química da amizade, formando um único elemento, fundamental na invenção de amores e aventuras. Entre lágrimas, sorrisos e sonhos, a arte lançou aos mares piratas e papagaios, perpetuou mulatas e malandros.
De todas as lembranças, as tardes no circo, sob a gigantesca lona estrelada! Início de pactos com a arte! A ilusão de que em toda cartola de mágico há sempre um coelho!
“Aviso aos Navegantes”: Oscarito e Grande Otelo, a mais famosa dupla do cinema brasileiro. Grandes estrelas da Atlântida, marco do cinema industrial no país!
O vento levou e trouxe histórias que até hoje povoam o imaginário de muita gente. É impossível esquecer o grande amor dos sertões. A lendária união do cangaço.
Como não lembrar da química entre Xica da Silva e João Fernandes e tantos outros?
“Ressuscita Eurídice, minha amada!”: o inesquecível som da lira de Orfeu!
Fazendo arte, inventando tonalidades: paletas e pincéis.
As duplas do esporte, conquistam os metais da glória. Duas energias diferentes se completam. Novos Apolos, olímpicos: Ricardo e Emanuel. A dupla das areias, das arenas e das medalhas de ouro! Com Garrincha e Pelé em campo, a seleção brasileira sem derrotas. Há 50 anos, nascia o futebol-arte.
O que dizer dos encontros musicais?A arte promove a química perfeita de letra e música, de agudos e graves.
Parcerias saltando das telas, atravessando décadas! Parcerias estranhas: calafrios, sopa de aranhas! O amor não conhece barreiras. Peri e Ceci: revirando páginas, misturando etnias.
“Ao final das doze badaladas, todo o encanto acabará!” Mentira! A Gata Borralheira e o Príncipe: a química do amor não enxerga os ponteiros.
Na pele de sambista, os homens promovem a união entre música e cultura popular. Reinventam-se. Senhores do tempo. Metamorfoses de sapateado em samba!
IV. O Reino dos confetes e serpentinas
No equilíbrio químico entre o povo e o carnaval, há uma ligação entre as almas, entre caminhos já percorridos, com resistência e poesia. É tempo de revelar nossos Reis e Rainhas cafuzas, mamelucas e mulatas, que ostentam suas coroas somente durante o reinado de Momo. Chegou a hora de fazer emergir nossa nobreza, resultado da química afetiva entre as raças.
O Arrastão louva todas as duplas que a cada ano preenchem as páginas em branco do carnaval, escrevendo novos capítulos, oxigenando o cotidiano.
Da saudade dos confetes e serpentinas, erguemos um reino, lugar onde a igualdade é peça fundamental. Salão a céu aberto repleto de pierrôs e colombinas. A monarquia mestiça pede passagem.
Antes da quarta-feira de cinzas, quem sabe, o encontro de metades?
Fantasias de bufões, pra fazer o Rei sorrir!
As mesmas fantasias do ano passado, os mesmos guizos, pra que se reconheçam.
Amanhecer lado a lado ao som de “Cidade Maravilhosa”, presentes de pele e suor mulato!
FELIZES PARA SEMPRE!